terça-feira, novembro 20, 2007

mais uma aventura da (DES)educação portuguesa


A economia vai subir porque este ano se vão comprar muito mais brinquedos, jogos e futilidades...

Todos os alunos vão ter boas notas no primeiro período... quer saibam, quer não saibam...

Consta por aí que há pressão nos conselhos executivos, que começou a sentir-se no início deste mês, em consequência das inspecções que vão ter lugar até ao final do ano, a propósito da avaliação das escolas.

Como a concessão ou não do contrato de autonomia depende do resultado da avaliação, os conselhos executivos estão a organizar várias iniciativas, como reuniões gerais, com o objectivo de causar impressão positiva aos inspectores.

Como está instituído que um dos critérios que mais peso terá na avaliação das escolas é o índice de aproveitamento escolar dos alunos, assim, os conselhos executivos estão a canalizar todas as suas recomendações no sentido de que as negativas sejam evitadas ao máximo.

No entanto, o Sindicato dos Professores do Norte está convicto de que a pressão para evitar negativas no Natal radica numa estratégio do Ministério da Educação que contribua para melhorar as estatísticas nacionais do aproveitamento escolar junto da União Europeia.(a sério?)

Para Lurdes Salgueiro, do Sindicato dos Professores do Norte, “a pressão sobre os professores para que os meninos passem todos já vem de há alguns meses a esta parte, mas tem vindo, de facto, a intensificar-se e estas inspecções de avaliação estão, sem dúvida, a adensar o mau ambiente que, genericamente, se vive nas escolas”.“O famoso ranking das escolas vai deixar de ser feito segundo as notas finais dos alunos, mas segundo os resultados dessas inspecções.


No entanto, sabe-se que o Ministério valorizará sempre mais as escolas que apresentarem melhores resultados”.

Consequência imediata destas inspecções, as escolas apressaram-se a actualizar o chamado projecto curricular de escola e a alertar o corpo docente para a importância de estudar “a fundo” esse documento. É que, pelo que constou, no diálogo com os professores, os inspectores começam precisamente por perguntar se o docente conhece o projecto curricular de escola. Este aspecto terá levado alguns conselhos executivos a promover sessões de esclarecimento sobre esses projectos.(será que deixam tempo livre aos professores para ensinar?)

Saber o que tem feito o docente no âmbito da recuperação dos alunos, é outra das questões tidas por obrigatórias e que, segundo o Sindicato, acaba por resultar em “pressão sobre os professores”.

As inspecções vão, até ao final do corrente ano lectivo, passar a pente fino 276 das cerca de 1180 unidades de gestão escolar existentes em Portugal. O Sindicato dos Professores do Norte diz que “isso é uma tarefa quase impossível de concretizar”."NÃO PODEMOS OBRIGÁ-LOS" “Se os alunos não estudam, se não querem saber, como é que nós os recuperamos? Nós não podemos obrigá-los a estudar e a interessar-se pela escola”, disse ao Correio da Manhã Maria Manuela (nome fictício), professora numa EB 2,3 do distrito de Coimbra.Revoltada com “o rumo que a Educação está a levar em Portugal”, esta docente, com quase 30 anos de serviço, assegura que “nunca foi tão difícil ensinar e nunca se ensinou tão pouco”.

Convidada a esclarecer, referiu que “antes o professor preocupava-se essencialmente em ensinar e tinha os alunos no centro dos seus objectivos; hoje um professor tem, sobretudo, de fazer relatórios, de elaborar e estudar projectos, enfim, quase tudo menos dar aulas”. Diz a docente que a situação é “insustentável”.

"NINGUÉM É PRESSIONADO"

O Inspector Geral de Educação, José Maria Azevedo, diz que “é desajustada a ideia de que as avaliações externas possam induzir qualquer falso sucesso”.

Para além disso, José Maria Azevedo sublinhou que as notas do primeiro período não terão qualquer peso na avaliação das escolas.“A progressão dos alunos é um dos pontos, não o único nem o mais importante. Mas isto tem a ver com as notas dos últimos anos e a evolução que se tem verificado e não propriamente as notas do Natal”, esclareceu José Azevedo, referindo que “se estas avaliações levarem a que os docentes se inteirem do projecto educativo e que as escolas se preparem para a avaliação, é positivo”.

De resto, avisa que “as escolas portuguesas continuam a ter elevadíssimas taxas de retenção”.

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