quarta-feira, dezembro 12, 2007

ASAE ou como acabar com a tradição culinária de um povo


O que se pode viver de tanto disparate junto... que vem em nome do bem e inventadas por uma criaturas que não devem de fazer ideia de como funciona uma cozinha...
Lá se vão as roulotes com pregos e bifanas na porta dos estádios de futebol, lá se vai o petisco na Feira do Relógio onde também se compra pão, legumes e queijo. Lá se vai as farturas nas festas de aldeia e os churros cheios de açucar. Lá se vai o molho a escorrer pelos dedos do pão molhadinho na feijoada e na dobrada servida em pratinhos para fazer cama ao tintol na tasca do bairro...

Este texto foi escrito por ANTÓNIO BARRETO no Jornal Público e os comentários a vermelho são de minha autoria.


A MEIA DÚZIA DE LAVRADORES que comercializam directamente os seus produtos e que sobreviveram aos centros comerciais ou às grandes superfícies vai agora ser eliminada sumariamente.

Os proprietários de restaurantes caseiros que sobram, e vivem no mesmo prédio em que trabalham, preparam-se, depois da chegada da "fast food", para fechar portas e mudar de vida.

Os cozinheiros que faziam a domicílio pratos e "petiscos", a fim de os vender no café ao lado e que resistiram a toneladas de batatas fritas e de gordura reciclada, podem rezar as últimas orações.

Todos os que cozinhavam em casa e forneciam diariamente, aos cafés e restaurantes do bairro, sopas, doces, compotas, rissóis e croquetes, podem sonhar com outros negócios.

Os artesãos que comercializam produtos confeccionados à sua maneira vão ser liquidados.
A SOLUÇÃO FINAL vem aí.

Com a lei, as políticas, as polícias, os inspectores, os fiscais, a imprensa e a televisão. Ninguém, deste velho mundo, sobrará.

Quem não quer funcionar como uma empresa, quem não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de produtos e matérias-primas industriais e quem não quer ser igual a toda a gente está condenado.

Estes exércitos de liquidação são poderosíssimos: têm Estado-maior em Bruxelas e regulam-se pelas directivas europeias elaboradas pelos mais qualificados cientistas do mundo; organizam-se no governo nacional, sob tutela carismática do Ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho; e agem através do pessoal da ASAE (mas ninguém pára este palerma que tem cara de fuinha? ele sim é que faz mal ao estomago e confusão à vista...), a organização mais falada e odiada do país, mas certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel da ração e pelos impérios do açúcar.

EM FRENTE À FACULDADE onde dou aulas, há dois ou três cafés onde os estudantes, nos intervalos, bebem uns copos, conversam, namoram e jogam às cartas ou ao dominó.

Acabou! É proibido jogar!
Nas esplanadas, a partir de Janeiro, é proibido beber café em chávenas de louça, ou vinho, águas, refrigerantes e cerveja em copos de vidro. Tem de ser em copos de plástico.
Vender, nas praias ou nas romarias, bolas de Berlim ou pastéis de nata que não sejam industriais e embalados? Proibido.

Nas feiras e nos mercados, tanto em Lisboa e Porto, como em Vinhais ou Estremoz, os exércitos dos zeladores da nossa saúde e da nossa virtude fazem razias semanais e levam tudo quanto é artesanal: azeitonas, queijos, compotas, pão e enchidos.

Na província, um restaurante artesanal é gerido por uma família que tem, ao lado, a sua horta, donde retira produtos como alfaces, feijão verde, coentros, galinhas e ovos? Acabou. É proibido.
Embrulhar castanhas assadas em papel de jornal? Proibido.
Trazer da terra, na estação, cerejas e morangos? Proibido.
Usar, na mesa do restaurante, um galheteiro para o azeite e o vinagre é proibido. Tem de ser garrafas especialmente preparadas.

Vender, no seu restaurante, produtos da sua quinta, azeite e azeitonas, alfaces e tomate, ovos e queijos, acabou. Está proibido.

Comprar um bolo-rei com fava e brinde porque os miúdos acham graça? Acabou. É proibido.
Ir a casa buscar duas folhas de alface, um prato de sopa e umas fatias de fiambre para servir uma refeição ligeira a um cliente apressado? Proibido.
Vender bolos, empadas, rissóis, merendas e croquetes caseiros é proibido. Só industriais.
É proibido ter pão congelado para uma emergência: só em arcas especiais e com fornos de descongelação especiais, aliás caríssimos.

Servir areias, biscoitos, queijinhos de amêndoa e brigadeiros feitos pela vizinha, uma excelente cozinheira que faz isto há trinta anos? Proibido.
AS REGRAS, cujo não cumprimento leva a multas pesadas e ao encerramento do estabelecimento, são tantas que centenas de páginas não chegam para as descrever.
Nas prateleiras, diante das garrafas de Coca-Cola e de vinho tinto tem de haver etiquetas a dizer Coca-Cola e vinho tinto.

Na cozinha, tem de haver uma faca de cor diferente para cada género.
Não pode haver cruzamento de circuitos e de géneros: não se pode cortar cebola na mesma mesa em que se fazem tostas mistas.

No frigorífico, tem de haver sempre uma caixa com uma etiqueta "produto não válido", mesmo que esteja vazia. (mas os produtos não válidos guardam-se para que?)
Cada vez que se corta uma fatia de fiambre ou de queijo para uma sanduíche, tem de se colar uma etiqueta e inscrever a data e a hora dessa operação.
Não se pode guardar pão para, ao fim de vários dias, fazer torradas ou açorda. (lá se vão as rabanadas no Natal, as migas alentejanas, as tostas, o pão frito para por na sopa de peixe e nas caldeiradas...)
Aproveitar outras sobras para confeccionar rissóis ou croquetes? Proibido.(aíiiiiiii... lá se vão os croquetes quentinhos da Portugália e da Trindade)
Flores naturais nas mesas ou no balcão? Proibido. Têm de ser de plástico, papel ou tecido.(e o pó e a gordura que estas plantações de plástico adquirem?)
Torneiras de abrir e fechar à mão, como sempre se fizeram? Proibido. As torneiras nas cozinhas devem ser de abrir ao pé, ao cotovelo ou com célula fotoeléctrica.
As temperaturas do ambiente, no café, têm de ser medidas duas vezes por dia e devidamente registadas.
As temperaturas dos frigoríficos e das arcas têm de ser medidas três vezes por dia, registadas em folhas especiais e assinadas pelo funcionário certificado.
Usar colheres de pau para cozinhar, tratar da sopa ou dos fritos? Proibido. Tem de ser de plástico ou de aço. (um dia ainda vão descobrir que o plástico provoca o cancro...)
Cortar tomate, couve, batata e outros legumes? Sim, pode ser. Desde que seja com facas de cores diferentes, em locais apropriados das mesas e das bancas, tendo o cuidado de fazer sempre uma etiqueta com a data e a hora do corte.
O dono do restaurante vai de vez em quando abastecer-se aos mercados e leva o seu próprio carro para transportar uns queijos, uns pacotes de leite e uns ovos? Proibido. Tem de ser em carros refrigerados. (já estou a imaginar a quantidade de pequeno comércio que vai fechar... e os ASAEs todos de bloco na mão parados ali na MACRO na caça à multa)
TUDO ISTO, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa saúde. Para modernizar a economia. Para apostar no futuro. Para estarmos na linha da frente. E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro.
e nao hajam duvidas que estamos mesmo na linha da frente...bem à frente...logo ali à beirinha do precipício...

quarta-feira, dezembro 05, 2007

UE e África... ou a mania das grandezas à portuguesa




“Yes, I’m going (Sim, vou)” foi a resposta de Mugabe, antecedida de um sorriso
Nos dias 8 e 9 de Dezembro vão estar nesta Cimeira a módica quantia de 53 países africanos e os 27 da UE.

Estarão em Lisboa cerca de 1.500 membros das delegações dos 80 países em causa, a que se juntarão os dos 14 países observadores, 11 organizações sub-regionais africanas, dois parlamentos, 20 instituições internacionais e duas organizações da sociedade civil.
Só um dos paises africanos trás uma comitiva de 127 perssoas, o RITZ teve que dizer que NÃO a um dos países por falta de quartos, as grandes cadeias estão entulhadas e nos próximos dias vai haver muitas notícias para dar, muito trânsito cortado, muita polícia na rua (eu se fosse ladrão aproveitava para limpar por aí uma coisinhas que a polícia não vai ter mãos a medir), muito jantarzinho, muito VIP acabadinho de sair do forno... e entretanto a miséria será a mesma.
10 milhões gastos em 48 horas
Será que uma reunião com tanta gente tem resultados? Será que com tradução simultânea para 24 línguas «activas e passivas» - 22 europeias e as restantes duas o árabe e o suahili resulta em alguma coisa que seja algo mais do que comes e bebes e um ruído de fundo generalizado?

DÚVIDO... mas logo se verá.
Robert Mugabe

- O presidente da Assembleia da República de Portugal, Jaime Gama, desvaloriza o problema da vinda de RM
- 8.000% de inflação
- A EDUCAÇÃO FOI UMA DAS PRIORIDADES DO GOVERNO ZIMBABUEANO APÓS A INDEPENDÊNCIA - TAXA DE ALFABETIZAÇÃO 90% - com fome mas educadinhos, onde é que eu já vi uma prioridade assim num governo?!!!
A eventual participação na Cimeira do presidente zimbabueano, cujo regime é objecto de sanções da UE por autoritarismo e violações dos direitos humanos e cívicos, tem suscitado controvérsia entre europeus e africanos, tendo o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, já ameaçado que boicotará a reunião, caso Robert Mugabe se desloque a Lisboa.

Angola faz questão que o RM esteja... porque será? Angola já manda?... nas nossas cimeiras? e as relações cordiais que desde sempre o nosso amigo Mário Soares e seu querido filho tiveram com este País onde até hoje ninguém se entende sem ter uma arma na mão e os direitos humanos também não são lá muito direitos... e que estranho que tudo isto tenha sempre o tal do PS pelo meio...

Um qualquer jornalista afirmava que o problema do ministro inglês era um problema particular entre a Inglaterra e o Zimbabué... deve de ser tótó... e ainda lhe pagam para dizer barbaridades destas porque ele não vive só com 1 €...

"Dois dos dossiers mais quentes em África - o drama humanitário do Darfur e a questão do Zimbabwe - serão mantidos à margem da agenda oficial da cimeira UE-África (como convém, não vá o tipo chatear-se)"

Mas ainda há olhos abertos no meio de tanto disparate...

"A presidente da ADDHU, Laura Vasconcelos, disse à agência Lusa que o protesto é apenas uma "concentração de repúdio" pela violação dos direitos humanos e pela acção do presidente do país, Robert Mugabe."Pareceu-nos oportuno informar e movimentar a sociedade civil no momento em que o Presidente Mugabe se desloca" a Lisboa para participar na cimeira UE/África, salientou. A activista adiantou que a ADDHU não tem como objectivo posicionar-se contra a presença de Robert Mugabe, mas sim "manifestar- -se contra as violações dos direitos humanos que têm lugar naquele país".

Laura Vasconcelos disse ainda que durante a concentração serão distribuídos à população panfletos para dar a conhecer o que se passa naquele país.

"Cobardia", dizem escritores
Escritores europeus e africanos, incluindo cinco prémios Nobel, acusam os líderes dos dois continentes de "cobardia" por evitarem abordar na cimeira as crises no Zimbabwe e no Darfur."
Porque devemos ouvir os poderosos quando estes não ouvem os gritos dos que sofrem? Milhões de africanos e europeus esperariam que o Zimbabwe e o Darfur estivessem no topo da agenda", afirmam os 17 subscritores da carta, enviada a todos os chefes de Estado e de Governo que irão estar presentes na cimeira.

"Ainda não é demasiado tarde" para incluir as duas crises na agenda.
Enntre os subscritores constam cinco prémios Nobel da Literatura: os europeus Günter Grass e Dario Fo, e, do lado africano, Nadine Gordimer, John Coetzee e Wole Soyinka. José Gil é o único português signatário, num rol em que aparece também o moçambicano Mia Couto. "Que podemos dizer desta cobardia política?", interrogam.
Não ao regime de "socialismo do século XXI" de Chávez

Depois de Hugo Chávez e das trocas comerciais com a China faz todo o sentido o senhor sócrates receber mais um ditador de braços abertos, afinal há uma tendência generalizada para conversas de salão com países que violam os direitos humanos e nisto realmente o senhor sócrates sabe marcar a diferença.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Nós somos assim...


... brincalhões e por isso é que as greves não são levadas a sério, a crises são tratadas como acontecimentos pontuais de ordem temperamental e as revoluções são de cravos...


Este ano não vai haver presépio!...
Lamentamos mas:

- Os Reis Magos lançaram uma OPA sobre a manjedoura e esta foi retirada
do estábulo até decisão governamental ;
- Os camelos estão no governo;
- Os cordeirinhos estão tão magros e tão feios que não podem ser exibidos;
- A vaca está louca e não se segura nas patas ;
- O burro está na Escola Básica a dar aulas de substituição;
- Nossa Senhora e São José foram chamados à Escola Básica para avaliar o burro;
- A estrelinha de Belém perdeu o brilho porque o Menino Jesus não tem tempo
para olhar para ela;
- O Menino Jesus está no Politeama em actividades de enriquecimento curricular e o tribunal de Coimbra
ordenou a sua entrega i mediata ao pai biológico;
- A ASAE fechou temporariamente o estábulo pela falta da manjedoura e, sobretudo, até serem corrigidas
as péssimas condições higiénicas do estábulo, de acordo com as normas da UE .