sexta-feira, junho 16, 2006

O Senhor Valéry... para o meu sobrinho Bernardo


"O senhor Valéry vestia sempre de negro. Ele explicava:
- Ao verem-me de preto julgam-me de luto e, por compaixão, não me enviam mais sofrimento.
E dizia ainda:
- Não se pode sofrer o dobro de muito. É essa, aliás, a única razão por que consigo ser feliz, em certos dias: o meu fato de luto engana-os. E é sempre boa a sensação de enganar os mais fortes - acrescentava, orgulhoso, o senhor Valéry, nunca se sabendo propriamente a quem se referia. O senhor Valéry, porém, insistia:
- É como uma reacção química."

... o melhor é comprar o livro "O Senhor Valéry" de Gonçalo M. Tavares, são divinais as histórias deste senhor, não esquecendo todos os outros livros desta série que dá pelo nome de BAIRRO

«O senhor Valéry é um conjunto de vinte e cinco micro-histórias protagonizadas por um senhor franzino e de pequena estatura que não gosta de ser posto em causa e é, no fundo, um solitário [...] Lemos este livro recordando Lewis Carroll e com a permanente impressão de estarmos a ser interpelados na nossa lógica de seres, por assim dizer, normais [...] Este Senhor Valéry traz-me à memória outros famosos senhores, como Un Certain Plume do grande Henri Michaux ou o senhor Këuner, de Bertolt Brecht. Mas sobretudo convoca o poeta francês Paul Valéry. [...] a obra de Gonçalo M. Tavares é um primoroso exercício de inteligência, de graça e de rigor de linguagem.»

José António Gomes, crítico literário

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