Não contavam os anos, nem os dias que ali estava petrificado decorando a ponte mais famosa de Roma.
Não contavam as fotos, os olhares e as pombas que indiscriminadamente faziam ali poiso seguro.
Não contavam os temporais e calores infernais dos anos passados e talvez vindoiros.
Não contavam turistas que se queriam fotografados junto dele e mais os vendedores ambulantes que ali montavam o seu arsenal.
Não contava a pedra branca escurecida pelo tempo, esverdeada pela chuva e destronada de perfeições que o tempo leva.
Apenas contava a imortalidade mesmo que fossem muito poucos a saber pronunciar o seu nome...
Este era o presente e o futuro esperado, solidão acompanhada e fotografada entre sorrisos desconhecidos e gargalhadas jovens de línguas absurdas.
Era esta a vida que tinha pedido... imortalidade a qualquer preço... e tivera-a sem dúvida. Tinha a beleza eterna e o olhar profundo que se perde em infinitos de esperança, mas agora decorridos séculos sentia falta do amor, das emoções que corroem o espirito, da ternura e do jogo das palavras, agora sentia falta da humanidade que levianamente tinha trocado pelo eterno, que na altura era desejo maior, a ponderação não fazia parte do seu ser. A ponderação era para outro tipo de pessoas mais objectivas, mais materialistas...
Voltar atrás?!!
Era impossível e mudar de vida, também por isso este era o seu destino... o destino do belo, o destino de quem ri mesmo sem vontade porque assim foi talhado na pedra
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