Domingo dia de nada...agoiro de segundas-feiras frustradas de trabalho sempre igual. Domingo, sucessor de sábados de esperanças elementares de descanso inventado... corre, corre em sentido contrário, sorri que é sábado e hoje sábado só é preciso ir ao supermercado, à praça local onde o peixe cheira a maresia fresca e os legumes não vem empacotados.. Sábado dia de limpeza com crianças gritantes e maridos de Expresso esperando dentro do carro em segunda fila o regresso das sacadas de comida.
Sábado dia de tudo em que tu que estás convencida que nada fazes porque é dia de família, porque não há horários para cumprir, corres alegremente esperando que sobre ainda tempo para o pudim de ovos que a sogra vai comer.
Sábado, fim de semana desejado, limpa o pó com desagrado que amanhã é dia de almoço em família.
Sábado que a sexta-feira desejou em desespero de sonhou semanais.
E almoço feito, e loiça lavada, e falta a máquina da roupa e mais a roupa que está na corda que tem que ser dobrada porque a empregada de uma só manhã faz o milagre de repor ordem na casa que o domingo descoordenou.
Sábado à noite, noite de sofá, TV no ar entre as reclamações rotineiras de controle remoto. Sábado à noite os amigos que tocam na campainha para 5 segundos de convívio semanal em que se trocam invejas e rotinas, em que se contam novidades por detrás de cortinas, em que se põe os assuntos em dia... e são queixas, preços de supermercado e receitas de culinária... e resultados de futebol e filmes alugados.
E chega o domingo prenúncio de segunda, começam os lamentos e no forno assa a carne e no fogão ferve a sopa e o almoço é de Domingo e a campainha não pára e a respiração ofegante mistura-se com o apito da panela de pressão. Roupa na máquina, suspiros de enfado e na televisão o resumo dos golos da jornada levam o convívio familiar para o estádio e o silêncio do casal é fatal porque já é tempo de deitar.
7.30 Segunda-feira... começa a roda que acaba na sexta-feira.
Abençoado fim de semana.
segunda-feira, outubro 31, 2005
Fim de Semana
sexta-feira, outubro 28, 2005
Encharco-me em comprimidos de insanidade metal nos limites da razão.
Vivo arrendada num palácio de podridão que caí na degradação do tempo. Precisa de obras, este lugar que sou eu, precisa de expurgar os fungos de sala fechada na humidade dos pensamentos que cheiram a bolor no paraíso de traças de destino encalhadas no presente.
Há goteiras no telhado que não me deixam dormir na sequência do plic-ploc repetitivo e agoeirento.
Há correntes de ar bem falantes mascaradas de ventos uivantes com som de cana rachada e pretenções de de tempestade.
Falam do tempo as colunas rendilhadas de pedra esculpidas na arte dos tempos, falam de murmúrios os tectos trabalhados de rosáceas e pintados de frescos mitológicos que se desfazem em poeiras coloridas espalhando particulas de cor.
Caixilhos de madeira de vidros quebrados deixam entrar os pássaros com esperança de abrigo nas asas do Inverno, e chega o Verão e lá estou eu encurralada nas horas que sobram de uma vida sem sentido em que o espanto dos observador choca com a frustação de vida lenta e corroida por desencantos.
Vivo arrendada num palácio de podridão que caí na degradação do tempo. Precisa de obras, este lugar que sou eu, precisa de expurgar os fungos de sala fechada na humidade dos pensamentos que cheiram a bolor no paraíso de traças de destino encalhadas no presente.
Há goteiras no telhado que não me deixam dormir na sequência do plic-ploc repetitivo e agoeirento.
Há correntes de ar bem falantes mascaradas de ventos uivantes com som de cana rachada e pretenções de de tempestade.
Falam do tempo as colunas rendilhadas de pedra esculpidas na arte dos tempos, falam de murmúrios os tectos trabalhados de rosáceas e pintados de frescos mitológicos que se desfazem em poeiras coloridas espalhando particulas de cor.
Caixilhos de madeira de vidros quebrados deixam entrar os pássaros com esperança de abrigo nas asas do Inverno, e chega o Verão e lá estou eu encurralada nas horas que sobram de uma vida sem sentido em que o espanto dos observador choca com a frustação de vida lenta e corroida por desencantos.
quinta-feira, outubro 27, 2005
Era uma vez
Era uma vez uma galinha que vivia sozinha.
Tinha gostos estranhos e daí lhe vinha a solidão.
Gostava de gatos, pretos e com personalidade e de ler e escrever para se entreter enquanto passavam as horas rotineiras de insanidades nervosas.
Sonhava com gritos de multidão e tinha medo de ruídos intensos.
Enjoava o cheiro de perfumes caros e aborrecia-se com carros grandes de jantes brilhantes.
Gostava de viajar mas odiava fazer malas.
Tinha uma preferência por chaves, porque as chaves abrem coisas que não se conhecem.
Queria ser famosa e por isso vivia fascinada pelas artes alheias.
Odiava papagaios porque só falam sem sentido e sobre nada, mas um dia farta de tudo o que amava e odiava resolveu por em letra o facto inabalável de ser apenas uma galinha.
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