Encharco-me em comprimidos de insanidade metal nos limites da razão.
Vivo arrendada num palácio de podridão que caí na degradação do tempo.
Precisa de obras, este lugar que sou eu, precisa de expurgar os fungos de sala fechada na humidade dos pensamentos que cheiram a bolor no paraíso de traças de destino encalhadas no presente.
Há goteiras no telhado que não me deixam dormir na sequência do plic-ploc repetitivo e agoeirento.
Há correntes de ar bem falantes mascaradas de ventos uivantes com som de cana rachada e pretenções de de tempestade.
Falam do tempo as colunas rendilhadas de pedra esculpidas na arte dos tempos, falam de murmúrios os tectos trabalhados de rosáceas e pintados de frescos mitológicos que se desfazem em poeiras coloridas espalhando particulas de cor.
Caixilhos de madeira de vidros quebrados deixam entrar os pássaros com esperança de abrigo nas asas do Inverno, e chega o Verão e lá estou eu encurralada nas horas que sobram de uma vida sem sentido em que o espanto dos observador choca com a frustação de vida lenta e corroida por desencantos.
2 comentários:
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