quinta-feira, julho 31, 2008

Os preservativos, as prostitutas na Rua onde as árvore pingam mel e o drama dos ciganos sem casa




E Julho chega ao fim, ora está sol, ora está nublado mas o calor é fatal.

As árvores nas R. Castilho atacadas de bicho desenvolvem um processo químico que se transforma em gotas resinosas que vão caindo sobre os carros, quais pigos de mel, que se escondem na sombra das mesmas em lugares de estacionamento pagos a peso de ouro á EMEL.
A Câmara já foi avisada mas faz orelhas mocas que está muito calor para trabalhar e assim quando entro para o carro ao fim da tarde interrogo-me se não será agora que o sistema eléctrico dos vidros vai deixar de funcionar, isto porque a pintura do carro já está condenada.
Os pés colam ao chão e os preservativos de cores diversas decoram esta rua que não vê limpeza há algum tempo... assim sempre os turistas que se deslocam por aqui podem levar como recordação sandálias peganhentas e o colorido do látex que foi produto de brincadeiras sexy entre prostitutas e seus clientes por entre as árvores desta rua...
Está calor e os noticiarios repetem o drama dos ciganos que querem uma casa nova (eu também queria) porque a vizinhança não lhes agrada, pelo que gostariam de poder viver numa ciganotown onde não houvesse ninguém com uma coloração mais forte na pele do que a dos próprios... entretanto a mãe da desaparecida Maddie enfurece-se com a PJ por causa de um café e puxa os galões que a mantém sempre, desde há 1 ano, nas páginas dos jornais... viva a política inglesa... devolvam-nos os piratas de perna de pau e pala no olho que deram origem á velha Inglaterra, que esses pelo menos já sabemos o que são.
Deixo aqui uma crónica muito esclarecedora da miséria cigana escrita pelo colonista Mário Crespo

Limpeza étnica
00h30m
O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres vestidas de negro que ululavam lamentos. "Perdi tudo!" "O que é que perdeu?" perguntou-lhe um repórter.

"Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem..." Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos autodesalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga "quatro ou cinco euros de renda mensal" pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que "até a TV e a playstation das crianças" lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam "quatro ou cinco Euros de renda" à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhes sejam dados em zonas "onde não haja pretos". Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos." A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e autodenominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor

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